Lirin Scott, o mago amassador de monstros

[Num dia comum no mercado louco de Mégalos, onde tudo é possível, ouvia-se um trovador contar uma história peculiar. A história é mais ou menos assim...]

Povo de Mégalos, tomai esta história que há muito ouço falar:

Era uma vez, em um reino distante e absurdamente cheio de situações inesperadas, um jovem mago chamado Lirin. Ele tinha 17 anos e uma mente repleta de sonhos, ilusões e uma quantidade considerável de coitofobia. Certo dia, cheio de coragem e insensatez juvenil, ele decidiu explorar uma dungeon misteriosa ao lado de seus fiéis companheiros, Bárbaro (o brutamontes de bom coração) e Nuriel (a ladra que os brigões da taverna adoravam passar a mão).

Ao descerem as escadarias sombrias da dungeon, os três amigos se depararam com um demônio horripilante, que, entre uma gargalhada malévola e outra, lançou uma maldição sobre Lirin. Em um piscar de olhos, o pobre mago passou de 17 para 37 anos. Ele envelheceu 20 anos de uma só vez. Agora, Lirin tinha a aparência de um mago experiente e sábio, com rugas que contavam histórias que ele nunca viveu.

Mas a transformação não parou por aí. Além das novas marcas do tempo, Lirin perdeu sua coitofobia e, como se não bastasse, desenvolveu uma obsessão por uma amada imaginária chamada Luna. Sim, uma mulher que só existia em sua imaginação. Uma figura dos seus sonhos mais loucos, que nunca existiu de verdade, mas que agora ocupava um espaço considerável em sua mente. Mas quem disse que as mudanças acabavam por aí? Lirin ficou preguiçoso e indeciso. Às vezes, passava horas decidindo se deveria usar o chapéu de mago ou o capuz de viagem, se tomava leite ou hidromel. 

Não fosse o bastante tamanho dissabor, Lirin adquiriu um hábito peculiar: toda vez que se despedia de alguém ou de algum lugar, ele jogava uma rosa de papel no ar, como se fosse um galã de novela medieval. Estranho? Com certeza, mas quem disse que ser amaldiçoado é normal.

Além de sonâmbulo, Lirin agora dormia com um ursinho de pelúcia chamado Merlin. Uma lembrança de sua tenra infância. E não era qualquer ursinho, Merlin era seu confidente e companheiro das noites insones. Por incrível que pareça, isso não era o mais embaraçoso. As pessoas começaram a confundir Lirin com Abzuginho, um bardo famoso por suas canções bregas e performances dignas de um espetáculo de circo. A cada esquina, lá estava alguém pedindo um autógrafo ou uma palhinha de uma canção brega. O que irritava profundamente Lirin, afinal, ele era um mago sério, não um bufão!

Como se não bastasse, a maldição trouxe uma fraqueza terrível: o cheiro de flatulências. Sim, caro povo de Mégalos, sempre que Lirin sentia esse odor insuportável, ele recebia um dano letal. Era a cereja do bolo amaldiçoado.

Apesar de tudo isso, Lirin continuou suas aventuras ao lado de Bárbaro e Nuriel. Entre uma batalha épica e outra, eles enfrentavam situações hilárias e perigos inimagináveis, sempre com a esperança de que, um dia, a maldição de Lirin pudesse ser quebrada. Afinal, em um reino tão peculiar, qualquer coisa é possível. E assim, nosso mago envelhecido, mas ainda cheio de determinação (e um tanto de excentricidade), seguia escrevendo sua história nas páginas encantadas e caóticas do mundo.



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